No primeiro semestre de 2020, Mato Grosso do Sul superou em US$ 269,098 milhões o total exportado no mesmo período do ano passado (R$ 1,4 bilhão a mais quando convertido para a moeda brasileira e considerando o dólar a R$ 5,35).
De janeiro a junho de 2019, foram US$ 2,690 bilhões em negócios. Neste ano, foram US$ 2,959 bilhões negociados. A ampliação das receitas, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, foi puxada pelo envio de soja, celulose e carnes bovina e de aves ao exterior.
Conforme os dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo do mês de junho, divulgada ontem pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), o saldo da balança comercial de Mato Grosso do Sul no primeiro semestre de 2020 apresentou crescimento de 28,27% em relação ao mesmo período de 2019. A diferença entre importações e exportações soma US$ 1,993 bilhão no semestre, com US$ 2,959 bilhões exportados e US$ 965,501 milhões importados.
De acordo com o secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, uma série de fatores colaboraram para este desempenho: “Tivemos uma safra recorde [de soja]. Nossa produtividade tem aumentado, e esse aumento se beneficia de outros fatores. Como o dólar, por exemplo, que torna o produto brasileiro mais barato no mercado internacional. O agro não parou durante a pandemia, diferentemente dos nossos concorrentes internacionais que, por conta da pandemia, tiveram uma redução na produção. E o terceiro fator, que é a retomada das compras dos chineses, todos fatores colaboraram para o bom desempenho do setor externo. Além disso, a demanda no mercado interno reduziu também. Isso torna as nossas exportações bastante competitivas, e, portanto, esses números expressam esse conjunto de fatores”, explicou.
PRODUTOS
O principal produto da pauta de exportações sul-mato-grossenses no acumulado de janeiro a junho de 2020 foi a soja. Foram 36,49% do total exportado em termos de valor (US$ 1,079 milhão), um aumento de 38,74% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2019 foram enviadas 2,219 milhões de toneladas da oleaginosa para o mercado internacional contra 3,220 milhões de toneladas em 2020.
O coordenador de economia e estatística da Semagro, Daniel Frainer, explica que nestes primeiros meses a soja vem se comportando acima das médias históricas, apontando cada vez mais uma destinação da produção para os mercados externos. “A pandemia favoreceu o mercado externo de MS em função da parada da produção na Europa e Ásia. No Brasil, praticamente a produção não parou. Houve queda na demanda no mercado interno e procura maior pelos produtos no mercado externo, como as carnes, o farelo de soja e a soja”, considerou.
O índice de crescimento da soja mostra que, em Mato Grosso do Sul, a produção de 2015 a 2020 expandiu em 42,9%, chegando a 11 milhões de toneladas em 2020.
A celulose foi o segundo produto da pauta de exportações: embora tenha registrado uma queda de 14,64% em termos de valor, registrou uma expansão de 6,71% em termos de volume exportado, sugerindo que o recuo no período ocorreu principalmente em razão da queda de preço do produto no mercado internacional.
Outros destaques no primeiro semestre de 2020 foram as exportações de óleos e gorduras vegetais e animais, que cresceram 124,52% no comparativo anual, e as de açúcar, que aumentaram 263,46% .
“O bom desempenho das exportações neste 1º semestre é fundamental para a economia do Estado. Tivemos um crescimento de 28% no superavit da balança comercial em decorrência das operações de soja, celulose e carne, mas também pelo recuo nas importações, principalmente do gás boliviano. Importante destacar a taxa cambial média, que caiu a R$ 5,64 em maio e fechou em R$ 5,19 no mês de junho. Mesmo assim, no acumulado do ano, o câmbio favorável resultou em melhoria da remuneração dos exportadores”, contextualizou o titular da Semagro, Jaime Verruck.
DESTINO
A China segue como principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul, com 50,56% do total exportado, seguida pela Argentina (4,62%) e pelos Estados Unidos (4,16%). Os países com maior aumento na participação foram Indonésia (42,17%) e Uruguai (37,29%). A maior queda foi registrada nas exportações para o Chile, com baixa de 17,62% em relação ao mesmo período de 2019.
Três Lagoas lidera os municípios exportadores com 43,25%, embora o destaque seja para o segundo, Dourados, que expandiu em 102,65% suas exportações principalmente em razão das exportações de soja.
Durante a pandemia de Covid-19, as medidas de restrição às importações que têm sido implantadas pela China são alvo de monitoramento constante dos governos federal e estadual. “Ainda não estamos sofrendo nenhuma sanção desses mercados, mas temos um diálogo constante com o setor. Em junho, tivemos um crescimento expressivo de 25,34% nas exportações de carnes de aves e registramos estabilidade na carne bovina. Esses itens, com a soja e celulose, são absorvidos, em sua maior parte, pelo mercado chinês, daí nossa preocupação e monitoramento”, ressaltou Verruck.
Fonte: Correiodoestado.com